Sim, esse conceito precisa mudar – e logo. Quando se fala em geriatria, a maioria das pessoas ainda pensa naquele profissional especializado em atender aos velhinhos (e somente eles). Na verdade, o que o geriatra faz é auxiliar cada paciente para que ele envelheça com saúde – uma questão que pode e deve ser tratada já a partir dos 30 anos.
Pode parecer um tanto cedo, mas explica-se. Quando o indivíduo passa a ser considerado idoso (no Brasil, pessoas com 60 anos ou mais), é essencial consultar regularmente o geriatra – o médico mais capacitado para lidar com as particularidades da sua saúde, sabendo diferenciar claramente situações que fazem parte de um envelhecimento normal daquilo que seria anormal e que precisa ser tratado.
Além disso, o geriatra está mais preparado para lidar com as diferentes doenças que o idoso possa manifestar, gerenciando-as em conjunto e fazendo a inter-relação entre os vários especialistas que por ventura esse idoso precise.
Mas mesmo quem não é idoso pode e deve se preocupar em envelhecer com saúde – afastando o máximo possível as situações de incapacidade e dependência no futuro. Nesse caso, o que um geriatra faz é o trabalho de prevenção.
Não existe uma idade pontual, mas a partir dos 35 a 40 anos o ser humano já começa a apresentar os primeiros sinais de envelhecimento. “Talvez essa seja a fase ideal para começar um trabalho preventivo visando a manutenção da saúde pelo maior tempo possível”, define o médico Paulo Casali, de São Paulo.
Nas primeiras consultas
O início dessa prevenção vai depender muito do perfil do paciente, do motivo da consulta, das queixas principais que surgem, da idade em que a pessoa está, se ela é mais saudável ou fragilizada e outros fatores.
“Quando o paciente é idoso, normalmente fazemos uma anamnese (uma entrevista) ampla e detalhada focada nas suas queixas principais, no seu histórico pessoal, seus hábitos e vícios, nas medicações e também em avaliações de incapacidades com a finalidade de reduzir riscos de agravamento na saúde geral desse idoso”, diz o Dr. Paulo.
Se a pessoa ainda não é idosa, o médico irá avaliar em detalhes os hábitos, vícios, histórico pessoal e familiar e solicitar exames para detectar alterações metabólicas, nutricionais e hormonais, entre outras coisas.
A primeira consulta é sempre mais longa e trabalhosa justamente por avaliar o paciente como um todo. O geriatra é um especialista apto a estimular e mostrar ao paciente os benefícios de se manter uma vida saudável e com atitudes positivas em relação ao seu corpo.
O tempo é amigo, não inimigo
Quanto antes o indivíduo procura um geriatra, melhor para a prevenção. Sabe-se que o processo de envelhecimento e o risco relativo de desenvolver determinadas doenças está intimamente relacionado ao perfil metabólico, que é único para cada paciente.
“Atualmente, temos acesso a exames que avaliam em detalhes essa individualidade metabólica, proporcionando a oportunidade de intervir nos erros e desequilíbrios, otimizando o funcionamento de todo o organismo e diminuindo a chance de aparecimento de doenças relacionadas ao envelhecimento”, afirma Paulo Casali.
Além disso, o geriatra tem amplo conhecimento para passar orientações a respeito de um estilo de vida saudável – fazendo recomendações e sugerindo opções também sobre boa alimentação, atividade física regular, sono adequado, controle do estresse, engajamento social, equilíbrio emocional e até espiritual.
Muitos são os fatores que podem influenciar na vida de uma pessoa no futuro. O geriatra lida com elas não apenas na idade avançada, mas logo cedo.